Viver é recordar.



tivemosuma conversa sobre a morte. De uma maneira muito ligeira e algo comovente, o assunto foi abordado na altura do falecimento da minha avó.

Desde então, e embora temos muitas fotografias em casa da minha avó,  pouco falo sobre ela com os miúdos. Talvez para me resguardar, talvez porque não quero abrir um tema que ainda me custa, ou talvez por preguiça pois sei que muitas perguntas se seguirão. O que é certo é que falamos pouco, muito menos do que deveríamos, muito menos do que eu sei que a minha avó gostaria.


Em conversa com uma amiga,  confessou que apesar do avô paterno dos seus filhos já ter falecido antes de eles terem nascido, fala-se muito abertamente sobre o avô. Contam histórias, riem-se ao recordar, vivem momentos. Mesmo os miúdos ( pequenos, da idade dos meus), que nunca o chegaram a o conhecer, falam como se tivessem partilhado aventuras.


Viver é recordar.  E isto fez-me repensar em toda a minha noção da morte. A alegria maior da minha avó eram os netos, e depois os bisnetos. Ao não falar de si, não estamos a recordar,  estamos a deixar ir, deixar desaparecer, e um dia as suas histórias vão acabar por morrer. E um dia vamos deixar de nos lembrar. E eu não quero. 


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Comentários

  1. Olá,
    Identifiquei-me de imediato com a sua amiga... o meu pai faleceu sem sequer ter conhecido o genro e os netos. Já faleceu em 2002... mas em tantas conversas, partilhas e memórias do meu pai, o meu marido diz que sente que o conheceu e os miúdos (ela com 8 e ele com 5) conhecem imediatamente o avô Luís.
    Ao longo do crescimento deles temos falado da morte... claro que de acordo com a faixa etária e para eles já é uma coisa "normal". Para eles o avô está no céu e de noite conseguem vê-lo... afinal é a estrela mais brilhante que está no céu a acenar para eles :)
    Por vezes custa-me muito falar... principalmente naquelas datas chave (aniversários, natal...), mas ao mesmo tempo fico feliz, porque apesar de não o terem conhecido, os meus pequenotes gostam muito do avô <3

    Beijinhos

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    1. Olá Tania, muito obrigado pela partilha, é na verdade ainda meio doloroso, mas sei que temos que falar mais, contar mais historias, viver mais momentos. e sim, há alturas mais difíceis. (Também contei a historia da estrelinha :)

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